quinta-feira, 28 de maio de 2009

O Primeiro Grande Beijo


Ainda no ponto, faltavam 5 minutos pra abrir os portões, e então eu conheceria o Pedro II, havia uma multidão de alunos que eu nunca tinha visto antes, ali eu deixei de ser o maior para ser um dos menores tive medo de tanta gente. Decidi que iria esperar todos entrarem para depois eu entrar. O Sinal fechou para os carros e eu atravessei a Avenida Alfredo Balena, em direção ao colégio, o medo se fora e eu estava muito ansioso. Entrei no colégio, a mulher da portaria disse “esta atrasado", ouvi isso pelos anos seguintes.
Nesse turno estudam alunos da 5º a 8º série, perguntei a uma mulher muito bem vestida onde seria minha sala, ela me olhou por cima dos óculos e disse:
-Desça as escadas procure seu nome na lista que esta grudada na porta, e vá rápido!
Lá estava eu e mais uns 150 novatos da 5º série procurando seu nome na lista, decidi ir de trás pra frente, as salas eram 131, 132, 133, 134, e 135. Fui na 135 e lá já havia alguns alunos sentados, não precisava ser muito esperto para ver que eram repetentes, pareciam muito mal encarados, colocariam Gil no chinelo. Não me dei ao trabalho de verificar a lista dessa sala, concerteza meu nome não estaria ali. Lá estava eu já havia verificado as listas umas duas vezes e era óbvio que minha sala era a 135, me dei por vencido e fui até lá, a sala não estava cheia como as outras, meu nome era o último da lista. Entrei e me sentei. Não duraria uma semana ali. Suely era um lugar pequeno, sabia onde a maioria dos meus colegas morava, as mães de alguns eram amigas da minha, querendo ou não eu conhecia aquele terreno, mas aqui nada me é conhecido. Ha um garoto que deve ter uns 14 anos, me observando, mais tarde fico sabendo seu nome Daniel, juraria que iria me roubar. Soa o sinal e da janela da sala vejo professores se encaminhando para as salas, um deles se encaminha para minha, escuto ele dizer:
- Não é essa. Ainda bem.
Como assim ainda bem? Por que ele disse isso? Passa-se algum tempo e nenhum professor aparece, Daniel para de me encarar, se levanta e começa a andar em minha direção. Já não sinto mais medo, o que eu poderia fazer afinal? Fiquei tranqüilo. Ele senta perto de mim encima de uma mesa e diz: - Esquenta não, todo ano é assim. Qual o seu nome?
-William. E o seu?
-Daniel. Mora aonde?
-Vespasiano.
-Caralho! Onde fica isso?
Ouvi isso pelos próximos anos. Antes que eu respondesse uma garota entrou na sala correndo. Tinha um corpo como nunca tinha visto antes no Jorge Ferraz, me senti um panaca, mas não consegui parar de olhar para ela, tinha o cabelo ruivo cacheado que chamava muita atenção seios fartos e pernas lindas. Ela disse alguma coisa pro Daniel e saiu correndo de novo. Perguntei:
- Quem é?
- A chata da minha irmã.
-Parece legal.
-Parece porra nenhuma!
Calei-me. Finalmente um professor entra na sala, não diz nada de importante, fala sobre a escola e regras, e sobre a matéria que iria lecionar. Só conseguia pensar, que meu ônibus estaria lotado quando desse à hora de ir embora, 17h30min o sinal tocaria para a liberdade e a carruagem viria me buscar as 18h00min, mas viria lotada de pedreiros e diaristas, nada contra só que todos pareciam fazer parte de um contexto, e eu não. Eles conversavam sobre o dia e reclamavam dos patrões. Eu era o garoto “da escola do centro da cidade" como ouvir muitas e muitas vezes.
Depois de algum tempo o sinal soa novamente o professor sai, mas nenhum professor aparece. Daniel se aproxima e diz:
- O quê que você ouve?
-O que?
-Que tipo de música gosta cara?!
Nunca haviam me perguntado isso. Eu ouvia Antena 1, por que minha mãe escutava e até gostava, ouvia moda sertaneja, e músicas que falavam do sertão e também gostava muito. Daniel não pareceu gostar muito e disse:
-Vou te emprestar umas fitas cassetes de rap ai você vai sacar.
Era como quando o Ladislau falava, eu não entendia o que ele estava dizendo, o que eu iria "sacar"? Mas não fazia diferença. No outro dia ele levou as fitas. Ha algo de diferente na sala, esta cheia como as outras, e ha mais pessoas que parecem estar na mesma faixa etária que eu, o que me conforta. Estou sentado no meio da sala, não me recordo que aula era, mas estávamos tendo aula, uma garota chega atrasada e pede desculpas ao professor, ele a deixa entrar e adverte:
-É a última vez!
Ela caminha procurando um lugar para sentar, seu cabelo esta trançado, é magra olhos negros, pele morena clara e não parece se importa com ninguém na sala, mas não ha desprezo em seus olhos. Ela é linda, uma beleza que me causa uma reação estranha, penso e digo:
- Essa garota é linda. Essa garota é minha.
Ha um cara atrás de mim que me ouviu e diz:
-Hei ela é minha prima!
Virei-me e disse:
-Meu nome é William.
-O meu é Mateus.
-...
-...
-Gosta de dragon ball?
-Doido demais.
Ficamos falando de desenho durante toda a aula.
Ouvir as fitas de rap fiquei admirado com a capacidade de rimas e o peso das letras, ao contrário do tudo que já havia escutado o rap tinha uma agressividade muito forte. Mas nada daquilo fazia sentido para mim. Mas parecia fazer bastante pro Daniel, ele me disse que morava em uma favela, e que lá as coisas tinham seu jeito de funcionar, disse que houve um roubo e que o acusaram, e ele teria que sumir por uns tempos. Daniel ficou sem aparecer na escola por muito tempo. Nesse período um cara chamado Aloísio entrou na sala, o cara tinha um carisma absurdo, as garotas viviam atrás dele, diziam que ele era lindo, e os caras diziam que ele era legal. Não sei por que ele grudou em mim, estava sempre perto de mim contando algum caso, parecia entender de tudo um pouco e principalmente de mulheres, fiquei sabendo que era podre de rico, mas um tremendo sem noção havia sido expulso de várias escolas particulares e por isso estava lá no Pedro II. Comecei a entender como funcionava a escola, o sistema de hierarquia também funcionava aqui, e eu estava no baixo escalão 5º série. Os caras da 8º série estudavam no segundo andar, eles literalmente nos olhavam de cima pra baixo. Todas as séries pareciam ter sua importância, mas não a 5º série. Essa regra parecia não funcionar para o Aloísio, até os caras da 8º trocavam idéia com ele.
A escola era rígida, não poderíamos ficar sem uniforme nunca. Havia o uniforme da aula em sala e o dá educação física. Certo dia a irmã do Daniel apareceu na sala desesperada e me pediu emprestado minha camiseta de educação física, emprestei. O último sinal soa é hora de ir para casa, espero na portaria pela minha camiseta, e nada. Aloísio estava comigo e disse:
- Relaxa cara.
- Como relaxa? Se ela tiver roubado minha camiseta eu tô ferrado!
Ela aparece na porta e faz um sinal. Aloísio me empurra, fui até ela. Segurou em minha mão e começou a me guiar pelos corredores, à escola estava vazia, me apaixonei por aquela visão. Ali decidir que a escola era minha. Ela me puxou para dentro de uma sala, fechou à porta, a luz estava apagada somente a claridade do resto do dia preenchia a sala, ela tirou a mochila. Seu nome Mariane, 6º série. Ela disse:
- Achou que eu ia levar sua camiseta embora?
-Não
O que na verdade era mentira. Ela tirou a camiseta na minha frente, lembro perfeitamente da cor do seu sutiã, vermelho. Dobrou e me entregou. Guardei na mochila. Ela levou minhas mãos até sua cintura e disse:
-Obrigado por confiar em mim.
Caralho! Pensei
-De nada, sempre que precisar.
Disse eu. Ela começou a me beijar e minha mão a explorar. Como fiquei feliz. Depois de uns minutos ela vestiu uma blusa e saímos. Ela seguiu seu caminho e eu o meu.

4 comentários:

  1. hahahahhahahha. eu sabia q vc era popular com as garotas mas esse primeiro beijo e pra dar ciumes em qualquer um.

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  2. Era uma aula de matematica numa quarta -feira dia 20 de março de 2000,o professor chamava-se Joilton,a menina não tinha tranças e sim cachos,e nos seus olhos não tinham desprezo e sim pavor,pois a unica coisa que ela tinha de familiar naquela sala era seu primo,todo o resto lhe assustava.

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