terça-feira, 16 de junho de 2009

A verdade nua e “crua”


As férias haviam acabado há alguns dias, mas eu ainda estava em casa. Consegui convencer minha mãe de que estava com alguma virose mas eu sabia que logo ela perceberia e eu teria que ir pra escola. Eu não queria encarar aquela situação, depois da Lívia saber de tudo o que eu sentia por ela. Eu conheço bem as garotas. Elas sempre têm melhores amigas que tem melhores amigas e por ai vai. Com certeza toda a sala sabia do ocorrido. Bem, não havia mais nada a fazer a não ser ir para escola.
O Mário havia guardado um lugar para mim perto dele e cada passo meu ao entrar na sala era seguido de um comentário: “Shakespeare apaixonado”, “Lá vem o negão cheio de paixão”, “Viado”. Falem bem ou falem mal o que importa é que estão falando... Ditado estúpido!
Fui me sentar e dei uma boa olhada na sala. Havia rostos novos e muita gente da antiga turma 135. Estava lá agora a 235. Na carteira atrás de mim havia um cara chamado Tiago, repetente gordinho e tinha algo que um dia se tornaria um bigode.
Ele me chamou e disse:

-Você é o William?
-Sim.
-Hahahahahaha!
-Do que esta rindo?
-Cara, você não pode mandar cartas você tem que chegar de jeito sacou?
Meu Deus quem não tinha conhecimento do ocorrido? E o que é chegar de jeito?
-Não saquei não.
-Chegar de jeito cara você sabe.
-Não eu não sei.
Por que as pessoas insistem em querer ensinar coisas que não compreendem?
-Eu vou te mostrar. Me observe ainda nessa semana eu te mostro.
Mal se passaram dois dias e via ele conversar sempre com a mesma garota durante o recreio, e então entre uma conversa e outra ele foi se aproximando e a beijou. Apesar dele ser bem feio a situação tinha melhor aparência de que quando vi o Ladislau beijar a Ana Paula (no texto "Ainda no ponto de ônibus").
O Tiago parecia saber o que estava fazendo e eu sabia que eu não saberia fazer aquilo. Essa era a verdade. E então algo me ocorreu: e se eu fosse conhecido, fosse popular, será que seria mais fácil? Será que assim minhas chances seriam razoáveis? Por que não tentar? Mas o que um garoto de 11 anos poderia fazer? Não sendo bom o suficiente nos esportes, não sendo sequer bonito e nem intimidador? Coloquei em prática uma idéia absurda. Já que a carta que mandei para Lívia causou tanta repercussão resolvi enviar mais cartas, não para a Lívia, mas sim para outras garotas. Logo descobri outra coisa sobre mulheres: elas competem por qualquer coisa.
Eram apenas cartas que não diziam nada apenas palavras avulsas e foi necessário apenas três. Enviei para a Pollyanna amiga da Lívia, outra para a Grace a garota bruxa e outra para uma garota chamada Stéfanie. Garotas de grupos diferentes.
Então a maioria das garotas começaram a questionar por que não ganharam cartas e logo meu nome não saia da boca delas. Diziam que eu era legal, que as compreendia. Me chamavam pra fazer trabalhos com elas, traziam lanches para mim, me apresentavam à garotas e questionavam quem eu gostaria de namorar, e bem, a resposta sempre a mesma: Lívia. Alguns garotos que eu não conhecia chegavam de vez em vez para dizer:
-Você podia me apresentar aquela garota parceiro?!
Nada disso adiantou. A verdade é que a Lívia parecia mais distante. O Mário me chamou na aula de história e disse:
-Por que você não conversa com a Lívia?
-E dizer o que? Que gosto dela?
-... É.
O Mário não compreendia as coisas. Eu não podia simplesmente chegar e dizer o que sentia. Eu via filmes, seriados e até mesmos nos livros, sempre o homem tem algo a oferecer. Mas enquanto a mim nada tinha a oferecer. Qual a minha relevância naquele meio? A verdade é que eu não era ninguém. Percebi que convivi com pessoas muito populares como o Aloísio e o Marcelo e eles tinham algo que me faltava, e esse algo era um grupo. Sempre havia pessoas com eles os ouvindo ou somente andando. Somente o Mário andava comigo e o Mateus falava sobre desenhos. Precisava de reforço.
Nesse momento percebi a presença de alguém na sala. Há quanto tempo ele estava ali? O cara parecia uma máquina, sempre estava estudando. Nunca o vi falar com ninguém ou praticar algum esporte. Sempre lá estudando. Sentava exatamente no meio da sala. Perguntei ao Mateus o nome dele (Mateus sabia o nome de todos, ele se desenvolveu bem na arte da política na escola). Se chamava Lucas. No fim da aula fui conversar com ele, havia ainda algumas garotas na sala e o Mário me esperava na porta.
- E ai?
-...
-Lucas não é?
-...
Qual o problema desse cara? Será que era mudo ou especial? Fiquei lá e tentei, mas nada veio dele nem um olhar de reprovação, era como se eu não existisse. O Mário gritou da porta:
- Eu tenho que ir William, a Stela vai fechar a biblioteca!
-Aquela mulher parece um cachorro velho e você o Carlton! (primo do Will no seriado Um Maluco No Pedaço)
Gritei para o Mário isso e vi o Lucas rir. Então eu disse:
-Te vejo amanhã.
-Amanhã não tem aula.
O senso de humor se fora assim como veio e a sua voz era fria e objetiva. Respondi:
-Eu disse... Nos vemos na segunda-feira.

domingo, 7 de junho de 2009

Um demônio chamado Recuperação e um Anjo chamado Alívio

Eu andava pra lá e pra cá pela escola descobrindo sempre algo novo, sempre nos horários errados, o Mário já tinha me avisado que eu poderia acabar em recuperação, mas sempre gostou de ouvir sobre minhas caminhadas. Certo dia estava progredindo na incrível arte de matar aula no pátio da escola e então começou a chover me escondi embaixo da escada, e como no salão nobre, eu já havia passado por ali antes, mas nunca estive ali sozinho. Uma visão que certamente muitos tiveram estava ali só para mim naquele momento deixe-me levar e a escola parecia velha e cansada o pátio começou a encher de água e se tornou uma espécie de espelho disforme, foi quando tive a grande luz: Se eu ficar em recuperação ou tomar bomba minhas chances com a Lívia seriam igual a zero. Sem contar que minha mãe tiraria minhas entranhas com gritos. Fiquei ali parado pensando, a chuva parou, mas água continuou lá parada e tudo se tornou nítido. Corri para sala. O professor me perguntou:
-Onde estava?
-Na biblioteca.
-...
-...
-Vocês deviam aprender com ele!
Fui me sentar e vi a Lívia sorrir, eu tive medo de não passar de ano. Ainda faltavam algumas provas a serem aplicadas e alguns trabalhos para apresentar, o Mário me ajudaria com os trabalhos, mas quanto às provas estaria só. Minha vida virou um inferno uma corrida contra o tempo começou, foi quando algo muito estranho aconteceu. Estava no meio da aula de matemática com um professor chamado Joilton, eu estava preocupado, ciências exatas nunca foi a minha área, foi quando me distrair e percebi que havia algo escrito na parede com letras bem pequenas que dizia: “Fica assim não, eu já passei por isso”. O que diabos significavam aquelas palavras? Alguém estava brincando comigo? Só o Mário sabia da minha atual situação e ele não era ardiloso assim. Resolvi responder e escrevi de lápis: “Eu ficarei bem”.
Em casa já certo de que iria tomar bomba e na pior das hipóteses sairia da escola resolvi escrever uma carta para Lívia dizendo o que sentia por ela dizendo o quanto cada sorriso seu mesmo que não sendo direcionado a mim me fazia sentir bem, resolvi contar a ela que desde o dia em que ela entrou na sala me encantei.
A aula de artes começou e meu Deus a tentação de matar aquela aula era maior do que eu, e então cai no vício. Voltei assim que o sinal tocou, percebi que haviam respondido na parede e dizia: ”Estarei aqui se precisar”. Aquilo me assustou. Mas não mais do que a carta que escrevi para Lívia, quase me apaixonei por mim mesmo, parecia que uma garota havia escrito tudo aquilo. Decidi apenas estudar e tentar me salvar.
Os dias de aula estavam chegando ao fim foi quando três acontecimentos inesperados ocorreram. O primeiro foi que o demônio da recuperação foi abatido, passei com êxito, como eu não sei, mas não importava. O segundo foi a visita do alívio que foi muito bem recebido. O terceiro e com maiores conseqüências foi que no último dia de aula o Mário me ajudava com meus livros que tínhamos que devolver a escola, todos da sala em fila na porta da biblioteca e então a tal carta com o nome da Lívia caiu do livro de Matemática o Mário pronunciou:
-isso é da Lívia?
Antes que eu pudesse me posicionar o primo da Lívia o Mateus surgiu e disse:
-Eu entrego.
Verbalizando e agindo ao mesmo tempo, quando dei por mim a carta estava nas mãos dela não havia mais nada a se fazer nos veríamos no próximo ano.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Uma breve pausa


Quero aqui agradecer primeiramente ao Cientista Espacial por estar desde o inicio acompanhando e se divertindo tanto com essas histórias do Pedro II, logo continuei a escrever, em seguida a Cetos que sempre apoiou a idéia, também vale para Sem propósito comum e Raphaela de Oliveira que ainda não conheço. Obrigado Pelirroja, Kamila Costa e finalmente a Laíza que me convenceu a fazer este blog, os amigos que cito no texto de introdução são Cientista Espacial e Laíza. Enfim obrigado mesmo, e sim não me esqueci daqueles que lêem e postam seus comentários como Lucas, Bellinha, Glau e Melissa, e também aos que pedem para não publicar o nome, mas sempre ajudam por e-mail ou msn sempre acompanhando. Muito obrigado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Aposto que sua escola não tinha um lugar assim.


Não falta muito para o ano letivo terminar, eu estou feliz por conhecer tantas pessoas. A uma garota seu nome Ana Clara, ela é o que chamamos de pessoa grande, poucos conversavam com ela, mal sabiam o que estavam perdendo, Mário e eu nos divertíamos muito era engraçada e confiável foi a primeira garota que contei estar atraído pela Lívia.
No recreio cada um seguia seu caminho os que tinham dinheiro se dirigiam para a lanchonete e os que não tinham se dirigiam para o refeitório, outros disputavam os bancos no pátio e outros iam caminhar e fazer o que chamo de política na escola, passavam nas salas que tinham alguém conhecido e cumprimentava todos depois seguia para próxima sala e assim por diante. Mário sempre ia para o refeitório eu o acompanhei por muito tempo até desistir, a fila tomava a metade do tempo do recreio e a comida nem sempre era boa, quando desistir tentei convencer o Mário do mesmo, mas ele não desistiu dava um valor muito alto para a atividade comer. Tornei-me um andarilho, andava por ai, pelos corredores, pelas turmas de outras séries até que descobrir algo interessantíssimo. Eu já havia entrado ali antes para algumas aulas e palestras, mas nunca estive lá sozinho. O lugar: Salão Nobre. Um enorme salão que parecia estar vivo, ha candelabros por toda parte, dois quadros muito grandes que pareciam me observar com repreensão por estar ali sem autorização e mais dois quadros pequenos que pareciam sofrer um velho piano e no teto algo que parecia estar tampando uma figura uma grande figura (tal figura é mostrada na foto postada acima, na minha época o salão já não era exatamente assim, mas retrata bem o clima e a sensação do dia que estive lá). Como fiquei feliz agora além do laboratório eu tinha outro lugar o Salão Nobre. Estava voltando para sala faltava pouco tempo para o recreio acabar, tinha correr ia ter aula de inglês com a professora Betinha, ela fazia o verbo to be ser maravilhoso, foi quando escutei o Felipe fazer alguma piada sobre a Ana Clara, eu não sei como ela ouviu, ou se podia ler lábios ou talvez aquilo já estivesse ocorrendo antes, mas ela estava no outro lado do pátio e percebi quando ela começou a correr, percebi a tempo de avisá-lo, todos somos heróis e vilões, e dessa vez fui o vilão não avisei. Ana Clara corria como uma jogadora de futebol americano, e derrepente saltou em direção ao Felipe. Por pouco segundos fiquei arrependido achei que ele tinha morrido, ela o amassou contra a parede e ele chorou e disse que ia chamar seu pai. Eu ri e dessa vez ri muito. O sinal tocou o pessoal começou a entrar percebi que a Lívia e a Pollyanna conversavam talvez fossem amigas, o que não mudava nada, mas percebi, acho que talvez quisesse estar próximo a ela como a nova amiga, mas não como amigo.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Se Peter Pan tem a Terra do Nunca eu tenho o Pedro II


Estou a caminho da escola novamente dentro de um ônibus quase vazio, ainda falta muito tempo para chegar à escola tudo estaria um tédio se nesse dia eu não tivesse aula no laboratório da escola com a professora Magda. Por mim passava todos os dias letivos lá. Passaram-se duas aulas e então chegou à hora de ir para o laboratório fui o primeiro a chegar, ela estava usando um vestido florido muito feio, mas nela parecia lindo. Os outros alunos entraram. Além de a professora ser linda, da matéria ser ótima o cenário era muito bacana, potes e mais potes com restos mortais de várias criaturas, aracnídeos, anfíbios, répteis, microscópios, um mapa do sistema circulatório humano e muitas outras coisas. Todos tinham que se dirigir até a mesa da professora para que ela carimbasse o caderno comprovando que cumprimos o dever de casa, quando chegou à vez da Lívia o livro dela caiu no chão, fui pegar para ela, entreguei, e ela agradeceu e sorriu. Nesse momento talvez alguém tenha aberto um dos potes e eu inalei muito formol e fiquei meio tapado, mas ela parecia ter luz própria à voz dela me fazia sentir bem.
Minha lista de conhecidos já havia aumentado, apesar de ter um bom papo mesmo somente com o Mário e o Mateus (primo da Lívia) conhecia um cara chamado Guilherme ele usava o cabelo bem grande e parecia ágil feito um coelho, Pollyannna uma garota linda muito educada que me lembrava uma das patricinhas de qualquer seriado juvenil, um cara chamado Felipe a representação do que chamamos hoje de filinho de papai, Grace que falava que era bruxa entre outros. A lista aumentou quando um cara chamado Marcelo entrou na sala, tinha certa inveja dele. O tipo de pessoa que move o mundo a sua volta com uma facilidade absurda, em menos de dois meses ele já era conhecido na escola tinha sua própria turma já havia brigado umas três vezes e ganhado todas elas e pegado mais garotas do que o Aloísio, ele gostava de conversar comigo, por que eu não sei, mas ele confiava em minha opinião. Pollyanna e Felipe tiveram algo, não sei o que ao certo, mas uma vez voltando do recreio vi a Pollyanna dizer:
-Faxineira é a mãe dele!
Comecei a ri. Será que ela queria ofendê-lo dizendo aquilo? Fui saber mais tarde que ele disse isso pra ela. Ri de novo e me fiz a mesma pergunta será que ele queria ofendê-la? Não havia relação com ocorrido, mas Marcelo veio com sua turma para bater nesse Felipe, mas aquilo seria um massacre o Felipe mal sabia correr atrás de uma bola quanto mais brigar com o Marcelo e aqueles caras. Marcelo segurou Felipe pelo pescoço e o colocou contra parede, um dos caras socou a barriga dele e nenhuma autoridade escolar aparecia então fui até lá, o Mário tentou me segurar. Quando cheguei perto um dos caras me segurou pela camisa ia me socar e o Marcelo gritou:
-Hei! Solta ele!
Bem, não tive medo. Mentira. Disse:
-Solta o cara Marcelo.
-Ele é um filho da puta Negão!
-E vai continuar sendo, mas solta ele antes que algum professor chegue!
-Que seja.
Marcelo o soltou e foi pra algum lugar o Felipe começou a chorar. Mário, Mateus e eu começamos a rir. A escola parecia cada vez mais divertida.

domingo, 31 de maio de 2009

A Incrível Arte de Matar Aula


Tudo que é bom dura pouco. Mariane passava por mim nos corredores e santo Deus se eu não soubesse que já a havia beijado diria que ela não me conhecia. Tudo bem melhor assim Daniel havia voltado à escola e preferia que ele não soubesse do ocorrido.Estava conversando com ele sobre o tempo que passou fora da escola e ele me ensinou algo valioso: A Incrível Arte de Matar Aula. Não demorou muito e me tornei perito na prática, um dia estávamos no pátio da escola, matando aula e havia umas garotas da 8º série nos observando do segundo andar, nos sobrepujando com seus corpos intocáveis seus papos sem fundamentos e corpos intocáveis (tenho que ressaltar). Daniel disse que eram vacas sem cérebro, pra mim não importavam elas continuariam lá e eu aqui no meu novo e querido banco. Uma delas fez um sinal Daniel pareceu esquecer que eram vacas sem cérebro ficou meio idiota derrepente uma delas disse lá de cima:
-Hei garoto vem aqui.
Daniel se levantou e ela disse:
-Você não. O outro.
Imaginei ter o poder de me camuflar como um cameleão se ficasse quieto talvez ela desistisse. Com certeza nada de bom elas queriam com um pirralho da 5ºsérie. Não funcionou.
-Vai ficar ai parado ou vai subir?
Resolvi subir e Daniel disse:
-Leve capim!
Subir as escadas. Os alunos da 8º eram apenas uma sombra da boa época do Pedro II acho que por isso nos desprezavam éramos uma nova época e eles eram o fim de uma. Havia um cara que todos temiam ou pareciam temer. Eu não sei o que havia, mas acho que ele tinha uma gangue ou algo assim, sabia que a sala na qual estava indo era a sala da namorada dele. Uma das garotas disse:
-Acho que a Mariane é uma vaca e você?
-Eu não.
Todas elas começaram a rir. Pra mim não pareciam vacas e sim galinhas, há muitos galinheiros em Vespasiano e aqueles em que entrei tinha o mesmo som. Uma delas me levou para dentro da sala e como em um roteiro mal elaborado não houve surpresa quando vi a namorada dele lá, seu nome Ana Lúcia estava sozinha na sala tinha um pouco de pó de giz muito bem enfileirado na mesa dela e uma carteirinha estudantil, ela disse:
-Qual é seu nome?
-William.
-Não é assim que se conhece uma garota.
-...
Ela segurou em minha mão e me deu três beijos alternando entre as bochechas. Chamou uma das garotas, que me levou pra fora da sala e disse:
-Sortudo!
Que saudade da escola Jorge Ferraz lá também as pessoas eram estranhas, mas suas atitudes pareciam fazer algum sentindo.
O sinal soa informando a troca de aula. Na grande arte de matar aula é preciso saber que a gula pode te levar para maus caminhos então nunca é bom matar duas aulas seguidas, corri para a sala.
Um cara chamado Mário me pergunta onde estava respondi ele ficou rindo. Ele me lembrava eu mesmo na 2º série quando era o c.d.f não demorou muito e ficamos amigos.
Daniel disse que ainda estavam atrás dele que precisava se proteger fomos matar aula de artes no banheiro e ele me mostrou uma arma, eu disse:
-Caralho! Vou voltar pra sala.
-Calma cara, não ta carregada.
E daí? Pensei. Se pegassem a gente ali tenho certeza que isso não faria diferença fui pra sala de aula. O professor perguntou onde eu estava e eu respondi:
-Na reunião de representante de turma.
Porém eu não era representante, mas ninguém disse nada quando fui me sentar uma garota chamada Nádia me cumprimentou.
Daniel saiu do colégio definitivamente não sei o que houve com ele, fui perguntar a Mariane e ela disse que ele saiu de casa e mais nada.
Mário e eu nos divertíamos bastante ele me achava engraçado e me ajudava em algumas matérias e eu explicava sobre desenho e filmes. A vida parecia seguir bem no Pedro II

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Primeira Grande Pisada na Bola


Lá estava eu andando pelos corredores da escola como se todos soubessem do ocorrido dias atrás. Sentia-me um rei. Mas na verdade ninguém sabia de nada, eu não era nada ali a não ser mais um pirralho da 5º série. Assim eu pensava. Não sei se foi o Aloísio ou a Mariane, mas alguém contou pra alguém que contou pra alguém e derrepente eu realmente estava andando pelos corredores e um grande número de pessoas parecia saber de algo. Ouvia coisas como “É esse ai? Poxa a Mariane não dá mole mesmo” “Hei quantos anos tem?” e então ouvi algo que realmente me preocupou “Vou contar pro Daniel hein!” O Daniel não dava as caras no colégio há muito tempo, mas sabia que ele ia voltar. Não havia o que fazer se não esperar.
Divertia-me bastante nas aulas de Educação Física mais com o cara do professor do que com a aula, ele parecia o Leôncio do desenho do Pica-pau. O aquecimento era chato. Depois do aquecimento alguns alunos iam jogar vôlei outros futebol e outros basquete. Sempre me chamavam pro basquete acho que por causa do meu tamanho depois de uns minutos viam que eu não era bom. Mal sabiam eles que no futebol eu era pior. O professor observou que eu não era bom e então treinava passes comigo, depois de um tempo aprendi e então começaram a me chamar de novo, mas agora por que eu tinha pegado o jeito. Sempre havia algumas garotas que não faziam nada na Educação Física elas sem dividiam entre assistir os garotos praticar futebol e basquete ou ficar em algum canto com suas coisas rosas falando sobre sei lá o que. Certo dia percebi que aquela garota que entrou atrasada na sala, que usava tranças (a que citei no texto O Primeiro Grande Beijo) estava nos assistindo, não sei o que houve, mas quando fui passar a bola quase quebrei o nariz de um garoto chamado Guilherme, ele gritou:
-Atenção ai Negão! Tira os olhos da Lívia porra!
Lívia. Era esse então o nome dela.
Todo santo recreio ou intervalo como os alunos mais velhos falavam, a Mariane vinha pra minha sala e ficava abraçada comigo. Certo dia ela me perguntou quando íamos fazer. Qual era o problema das pessoas? Ou será que o problema era comigo? Houve certos momentos da minha vida que as pessoas pareciam falar grego. E esse era um deles. Será que todos viram algo que eu não vi, leram algo que eu não li. Ou talvez ocupei toda a parte do meu cérebro que entenderia essas questões com informações sobre quadrinhos animes e filmes. Como eu não respondi nada ela voltou a perguntar:
-Então quando nós vamos fazer?
-O que?
-Você sabe...
-Na verdade eu não sei
Ela me soltou me fitou profundamente como se procurasse por mentiras em minhas palavras e disse:
-Você esta se fazendo de bobo por que? Tem alguma outra garota que você esta olhando por acaso?
-...
Ela foi embora pra sala dela e nunca mais voltou a me procurar. Aloísio apareceu como sempre, e perguntou por onde andava a Mariane, contei-lhe o ocorrido ele me explicou com bastante calma o que a Mariane queria fazer, e então percebi por que as pessoas falavam palavrões e disse:
-Puta que pariu!